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(...) muitos livros servem apenas para mostrar quantos caminhos falsos existem e como uma pessoa pode ser extravida se resolver segui-los. Mas aquele que é conduzido pelo gênio, ou seja, aquele que pensa por si mesmo, que pensa por vontade própria, de modo autêntico, possui a bússola para encontar o caminho certo. [...] Às vezes é possivel desvendar, com muito esforço e lentidão, por meio do próprio pensamento, uma verdade, uma ideia que poderia ser encontrada confortavelmente já pronta em um livro. No entanto, ela é cem vezes mais valiosa quando obtida por meio do próprio pensamento.
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Ler significa pensar com uma cabeça alheia, em vez de pensar com a própria. Nada é mais prejudicial ao pensamento próprio - que sempre aspira desenvolver um conjunto coeso, um sistema, mesmo que na seja rigorosamente fechado - do que uma influência muito forte de pensamentos alheios, provenientes da leitura contínua.
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Por isso, faz bem em dedicar o tempo restante à leitura, que consitui, como já foi dito, um substituto para o pensamento próprio e alimenta o espírito com materiais, à medida que um outro pensa por nós, embora o faça sempre de um modo que não é nosso. É justamente por isso que não se deve ler demais, para que o espírito não se acostume com a substituição e desaprenda a pensar, ou seja, para que ele não se acostume com trilhas já percorridas e para que o passo do pensamenrto alheio não provoque uma estranheza em relação a nosso próprio modo de andar.
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No reino da realidade, por mais bela, feliz e graciosa que ela possa ser, nós nos movemos sempre sob a influência da gravidade, força que precisamos superar incessantemente. Em compensação, no reino dos pensamentos, somos espíritos incorpóreos, sem gravidade e sem necessidade. Por isso não existe felicidade maior na Terra do que aquela que um espírito belo e produtivo encontra em si mesmo nos momentos felizes.
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A presença de um pensamento é como a presença de quem se ama. (...) O mais belo pensamento corre o perigo de ser irremediavelmente esquecido quando não é escrito, assim como a amada pode nos abandonar se não nos casarmos com ela.
Recortes do livro A arte de escrever, de Arthur Schopenhauer.
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