Reflexões cristãs

É sua vida! Acerte na jogada



Como era boa a época em que eu era criança! Final de uma tarde de férias, nada para fazer, nenhum lugar para ir... A tecnologia ainda não havia invadido as casas e sempre havia um jogo de tabuleiro para passar o tempo. Dado sobre a mesa, pinos coloridos e um trilha para seguir. Jogue corretamente e chegará ao quadradinho final com êxito, cometa erros e cairá em armadilhas que te atrasarão a chegar ao fim, ou simplesmente te deixarão fora do jogo definitivamente.

A nossa vida é como um joguinho assim. Cada quadradinho é um dia. Os pinos somos nós. Você acorda e sai para colher o seu dia. O que você semeou no dia anterior? O que você está semeando para a eternidade? Sua alma é a parte de você que viverá para sempre. Onde você vai querer estar? É preciso pensar bem, pois “eternidade” é tempo longo, é tempo que não acaba mais... Estamos caminhando para alcançar o final e, chegando lá, não vamos querer olhar para trás e ver que estamos cheios de pendências, pois não haverá condições de voltar.

Nossa vida é cheia de fases. O que determina a passagem de uma para outra é o cumprimento das metas que traçamos voluntária ou involuntariamente. Por exemplo: concluímos o colégio, entramos na universidade, conhecemos outras pessoas, entramos em contato com novas filosofias, novos conhecimentos. Nossa mente muda, nosso corpo muda, nosso estereótipo muda... Conhecemos alguém, desejamos que ela ou ele esteja ao nosso lado para sempre e começamos a investir nisso. E por aí vai... Os ciclos vão sendo concluídos e outros vão se iniciando.

É nesse momento que devemos parar e refletir: o que ou quem está sendo o centro da nossa vida? Para onde estamos direcionando o nosso foco? Será que estamos parando para consultar os planos do nosso supremo criador a nosso respeito? Estamos fazendo tudo no tempo certo, e pela motivação correta?

Não há problema em planejar, como não há problema em lutar pelo que desejamos, mas se os nossos planos não estiverem de acordo com os planos de Deus, provavelmente ele não nos concederá o que pedimos tanto. Pode parecer duro, mas se Deus já falou que não ou se você se sente extremante incomodado com algo, persistir pode ser muito mais frustrante. No final da estrada você se deparará com um muro, e se estiver correndo demais, sem dúvida irá colidir e não será nada agradável. Corremos aqui um sério risco de achar que Deus não nos ama, que se esqueceu de nós, ou que está ocupado demais para olhar para pessoas como nós...

Deus não muda de ideia, nós mudamos... E muito! Deus nunca é infiel, nós somos! Ele nos amou mesmo sabendo de tudo de mau que iríamos ou vamos fazer. E seu amor permanece, imutável! Se não aconteceu algo pelo qual você almejou tanto, ou não aconteceu da forma que você esperava, não foi culpa sua, nem do seu amigo, nem do seu líder, simplesmente você poderia estar empolgado demais com todas as coisas boas, ao ponto de não conseguir parar e ter a sensibilidade ou disposição para ouvir a voz de Deus. A vontade dele é sempre boa, perfeita e agradável, mas nem sempre parece ser, porque quase sempre vai de encontro às nossas perspectivas de vida, às nossas expectativas, à nossa personalidade...

Somos ramo e não videira (João 15: 1-5). A videira é a responsável por produzir os frutos, não os ramos. Haverá um desgaste enorme se invertemos os papéis. Não precisamos dedicar todo nosso esforço e tempo na tentativa de ver algo acontecer o mais rápido possível. Nosso trabalho é estar conectado à videira, por meio de orações, clamando quietos, sabendo que Ele é Deus, sem ansiedade, pois confiamos no seu poder.  A oração não é perda de tempo. Pelo contrário, a falta dela pode de deixar na sala de espera por muito mais tempo.

Portanto, lembre-se sempre: tudo no tempo certo e pela motivação correta. Viva cada quadradinho deste “jogo”, acerte na jogada com louvor, com adoração, com oração. Ele não te deixará cair nas armadilhas. Esteja em comunhão, jamais se isole, jamais se esconda. Você não é o único pino colorido do tabuleiro!  Deixe suas preocupações no altar do seu Deus buscando sempre a presença do Espírito Santo, que é luz, que é o seu oxigênio, a sua energia! Se o seu alvo é Jesus Cristo, você está na trilha certa.




Divagando sobre a MORTE (e o amor)

Nunca conheci alguém que gostasse tanto do tema "morte" como um certo amigo que não convém citar o nome. Nos damos super bem, mas nesse assunto ficamos distantes, viramos por alguns instantes opostos que não se atraem, pelo simples fato da forma diferente com que as nossas crenças e a nossa fé foram construídas durante as nossas vidas. Bom, não quero ser jactante, mas comparando-se experiências de vida e colocando na balança a verdadeira felicidade que sentimos, consequentes de atitudes, prefiro as minhas construções. Mas tem gente que é cabeça dura mesmo, ou apenas orgulhosa, ao ponto de achar que o conhecimento humano é mais vistoso e valoroso que as "loucuras" da simples fé no que diz a Bíblia...

Esse queridíssimo amigo me deixa triste por demais ao dizer que a morte agora seria o melhor pra ele e para muitos. Acho que isso não passa de um consolo imediato para quem vive em situação infeliz ou desconfortável, a qual leva mesmo a pensar que viver não vale a pena. Mas quem disse que não vale a pena morrer? Dormir é bom, não é? A morte, inicialmente, nada mais é que um sono muito, mas muito profundo. O problema que é que não é um sono eterno. Uma hora todos seremos acordados. E não, não haverá sonhos nesse sono profundo. Aí é onde entra o que acredito.

Embasarei tudo no Livro dos livros, as Sagradas Escrituras, aquelas milenares, mas tão atuais; aquelas que jamais conseguiram e nem conseguirão eliminar da face da Terra... A tão famosa, misteriosa, intrigante e consoladora Bíblia. Se alguém se diz "cristão", deve crer no que ela diz... Enfim, vamos ao que interessa!

Deus criou o mundo. Logo após, Adão e Eva foram criados do pó da terra e só se tornaram almas/pessoas viventes quando Deus soprou em suas narinas o fôlego de vida (Gênesis 2:7). O que acontece com esse fôlego? No fim da vida, na morte, aquele pó volta à terra, como o era, e o espírito volta a Deus, que o deu. É o que está escrito no livro de Eclesiastes, capítulo 12, versículo 7. Portanto, a morte é uma separação entre a matéria e a alma.

Sabemos bem o que acontece com esse pó... E com a alma? Depois que for devolvida a Deus, o que acontecerá com ela? Com certeza, se volta para Deus, ela não fica vagando pela Terra! [Então quem são estes espíritos que andam por aí aparecendo em sessões? São espíritos de demônios (Apocalipse 12:7-9) que se disfarçam de entes queridos que não mais existem para que as pessoas, sensibilizadas, sem esperança, acreditem que, nesta vida, não acaba tudo, há outra vida, há um além. Isto é uma teoria que, inclusive, vem desde o Jardim do Éden. Lá Deus tinha dito ao homem: "Se tocares nesta árvore, certamente morrereis." Então, vem o Diabo e diz: "Não morrereis." Logo, a primeira teoria de que o homem não morre, de que vive outras vidas e que se reencarna, que a alma é ser vivente, nasceu no Jardim do Éden com o Diabo. E ainda persiste.]Voltando ao sono... Em 1ª Tessalonicenses 4:13 diz: “Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais como os outros que não têm esperança..” E diz em João 11:11-14, “E, tendo assim falado, acrescentou: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do sono... Mas Jesus falara da sua morte; eles, porém, entenderam que falava do repouso do sono. Então Jesus lhes disse claramente: Lázaro morreu.” No livro de Daniel, capítulo 12 e verso 2 diz: “E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.” Então não estaremos dormindo eternamente...

Antes de prosseguir, uma pergunta me foi feita por esse amigo, a fim de filosofarmos: será que nesse sono também podemos sonhar e ser levados para algum outro lugar ou realidade? Eu não soube responder! Disse que não acreditava que isso era possível e mencionei apenas Deuteronômio 29:29 (As coisas encobertas pertencem ao Senhor, ao nosso Deus, mas as reveladas pertencem a nós e aos nossos filhos para sempre...). Agora sei que deveria ter respondido com o Salmo 146, versículo 4: "Sai-lhe o espírito, e ele volta para a terra; naquele mesmo dia perecem os seus pensamentos." Agora eu que pergunto: é possível haver sonhos sem que haja pensamentos numa mente? Eclesiastes 9: 5-6, "Pois os vivos sabem que morrerão, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco têm eles daí em diante recompensa; porque a sua memória ficou entregue ao esquecimento. Tanto o seu amor como o seu ódio e a sua inveja já pereceram; nem têm eles daí em diante parte para sempre em coisa alguma do que se faz debaixo do sol."

Vamos acordar. Você pode até estar certo dizendo que seria melhor morrer agora. Você deve estar mesmo com muito "sono". Você poderia (ou deveria) se preocupar para onde você irá quando acordar. Quando Cristo voltar alguns ressuscitarão para a vida eterna, outros ressuscitarão para o sofrimento eterno. Aqueles que viveram uma vida em comunhão com Deus, com toda a certeza, receberão a recompensa da vida eterna. E aqueles que nunca quiseram nada com Jesus nesta Terra, com certeza receberão a recompensa pelos pecados. A isto é o que a Bíblia chama de inferno. Quando Cristo voltar, este mundo será completamente destruído, o fogo queimará tudo e o pecado não se levantará pela segunda vez. Portanto, vai existir inferno e vai existir paraíso, somente quando Cristo voltar. Por enquanto, todos os mortos, maus e bons, o sopro voltou para Deus, dormem, e o corpo voltou para a terra e aí permanece.

Infelizmente, há muitas doutrinas conflitantes sobre a morte e a eternidade. Consideremos, brevemente, quatro exemplos de doutrinas humanas que contradizem o ensinamento da Bíblia.

Doutrinas humanas

- A morte é o fim da existênciaAs pessoas que não acreditam na existência de Deus, obviamente, negam a ideia de vida após a morte. Outros, mesmo entre aqueles que se proclamam seguidores de Jesus, ensinam que os injustos deixarão de existir, quando morrerem. Em contraste, Jesus claramente ensinou que a existência não cessa com a morte (Mateus 22:31-32). O problema fundamental nesta doutrina humana que diz que a existência cessa com a morte, é o erro de não entender que a morte é uma separação, e não o fim da existência da pessoa (Tiago 2:26). As doutrinas de igrejas que negam a existência do inferno não obstante, a Bíblia mostra que o ímpio sofrerá eternamente, separado de Deus para sempre (Mateus 25:41,46).

- A reencarnaçãoMuitas pessoas estão fascinadas pela ideia da reencarnação, incluindo-se aquelas que seguem religiões orientais, como o hinduismo, e outras que aceitaram a filosofia da "Nova Era" ou os ensinamentos do Espiritismo. A doutrina da reencarnação é que nossa alma voltará, possivelmente centenas de vezes, para viver novamente e para ser aperfeiçoada em consecutivas vidas. A Bíblia não diz nada para provar esta ideia. Em contraste, a Bíblia ensina que morreremos só uma vez. Hebreus 9:27-28 diz: "E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo, assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação". Pense no significado desta afirmação. Se uma pessoa precisa morrer muitas vezes, qual é o valor do sacrifício de Jesus? Teria ele também que morrer muitas vezes? Esta passagem mostra que ele morreu uma vez para pagar o preço de nossos pecados. Note, também, que a ideia de que nossas almas são aperfeiçoadas através da reencarnação é absolutamente oposta à doutrina Bíblica de que somos salvos pela graça de Deus (Efésios 2:8-9).

- O purgatórioA doutrina do purgatório foi propagada pelo catolicismo e sugere que há uma oportunidade depois da morte para sofrer por causa de certos pecados antes de entrar no céu. Esta doutrina diminui o valor do sacrifício de Cristo, que deu a seus servos o dom gratuito da salvação. Não podemos merecer nossa passagem para o céu, nem antes nem depois da morte. Quando a Bíblia fala da situação dos mortos, ela diz que é impossível ao ímpio escapar dos tormentos para entrar no conforto dos fiéis (Lucas 16:25-26). A doutrina do purgatório, simplesmente, não é encontrada na Bíblia.

-Comunicação com os mortos
A prática do espiritismo e de algumas outras religiões, ao tentar comunicar-se com os mortos, é absolutamente oposta ao ensinamento da Bíblia. Quando o homem rico de Lucas 16: 19-31 pediu que um mensageiro dos mortos fosse enviado para ensinar sua família, Abraão disse que isso nem era permitido, nem necessário. No Velho Testamento, Deus condenou, como abominações, esses esforços para consultar os mortos (Deuteronômio 18:9-12). A consulta aos mortos é ligada à idolatria e à feitiçaria, coisas que são sempre condenadas, tanto no Velho como no Novo Testamento. É, absolutamente e sempre, errado tentar consultar os mortos.

Portanto, querido amigo, ainda gostaria de morrer agora? Se sim, resolva suas pendências com Aquele que recolherá o seu fôlego e o acordará desse sono depois, para que você possa sim encontar o descanso, a paz, o conforto que você busca. Mas tenha consciência de que isso não está na morte, mas sim na ressurreição em Cristo!

Confesse seus pecados, declare-O como único Senhor e Salvador da sua vida, confesse isso com a sua boca, do fundo do seu coração, desejosamente e reconheça sua condição humana e totalmente dependente Dele, de Sua graça e misericórdia.

Isaías 55: 6 "Buscai ao SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto."

Agora você poderá me perguntar: por que o título menciona "amor"? Ora, eu não passaria tanto tempo pesquisando sobre um assunto que detesto (morte) se eu não tivesse amor. É puramente 1ª Coríntios 13!

Vire mais algumas páginas e encerre lendo 1ª Coríntios 15.




Recortes do livro de Watchman Nee – “Ansiedade”

Nota minha:
Nee sempre encontra na Bíblia as respostas para todos os problemas que nós, seres humanos, enfrentamos em nosso dia a dia. Ele esmiúça cada palavrinha e escreve de forma leve, fazendo-nos pensar que tudo se pode resolver facilmente e com simplicidade desde que sigamos o que está nas Escrituras. Ler a Bíblia sempre me acalma, mas ler Watchman Nee, além de me acalmar, abre ainda mais os meus olhos. Suas palavras mescladas com a Palavra faz meu coração amansar...


ANSIEDADE

Leitura Bíblica: Filipenses 4:4-7

Segundo o registro da Bíblia, há dois tipos de fardo: o dos pecados e o da ansiedade. Se o problema dos pecados não for resolvido, é impossível haver alegria. Se o problema da ansiedade não for solucionado, tampouco haverá alegria.

Se um cristão não é feliz, ele não glorifica o Senhor. A infelicidade não é a porção que Deus reparte aos cristãos.

Leiamos agora Filipenses 4:4-7, e conside¬remos frase por frase: "Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, alegrai-vos."

(...) "alegrai-vos" é uma ordem de Deus. Já que "alegrar-se" é uma ordem de Deus, devemos cumpri-la, caso contrário, seremos transgressores.

Realmente, há muitas coisas que nos fazem sentir miseráveis. Contudo, perceba que a Bíblia não diz para nos alegrarmos em nós mesmos, mas diz: "Alegrai-vos sempre no Senhor".

Mesmo em situações difíceis, entre tristezas e lágrimas, podemos alegrar-nos, confiando Naquele que nos ama e a Quem também amamos. Ele, por Si só, é suficiente para satisfazer o nosso amor. Ainda assim, porque facilmente nos esquecemos do que ouvimos, Paulo repete: "Outra vez digo, alegrai-vos." Oh! Como Deus deseja que nos alegremos! Por isso, por todos os meios, devemos alegrar-nos.

Em seguida lemos: "Seja a vossa mode¬ração conhecida de todos os homens." No texto original, a palavra "moderação" tem o sentido de equilíbrio, isto é, não inclinado à esquerda, nem à direita; nem a mais, nem a menos.

A condição normal e equilibrada deve ser: em¬bora haja dificuldades nos pressionando, ainda assim temos a alegria que o Senhor nos dá. Essa alegria é enorme; ela nos capacita a alegrar-nos dia após dia em qualquer situação. Esse é o princípio de ser uma pessoa equili-brada, conforme o ensinamento da Bíblia, e não conforme o mundo tem ensinado.

A frase "Perto está o Senhor", não se refere à volta iminente do Senhor. No original grego, o sentido é "o Senhor está próximo". E o mesmo sentido de Efésios 2:13: "Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto" (IBB - Rev.)

O Senhor está perto, está ao meu lado, por isso devo alegrar-me!

E então, o apóstolo Paulo menciona o assunto principal deste livrete: "Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas diante de Deus as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graça".

Todos nós acreditamos que há muitas justificativas para ficarmos ansiosos, mas Deus não admite sequer uma única razão para a nossa ansiedade.

Será que é mesmo verdade que não devemos ter nem mesmo uma única ansiedade? Sim, é verdade; não devemos ter nem sequer uma. Por quê? Porque "perto está o Senhor". Se nos preocupamos, isso indica que não confiamos no coração nem na promessa do Senhor. Se Ele está perto e ainda estamos ansiosos, nós estamos duvidando do poder da Sua mão e da bondade do Seu coração.

Como podemos ficar livres da ansiedade, de uma maneira prática? "Em tudo, porém, sejam conhecidas diante de Deus as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graça." Atenção: há um "porém"! Contanto que Sigamos esse "porém", tudo estará bem. Quer estejamos sentados, deitados ou andan¬do, podemos fazer o que o versículo nos ensina. Fazer o quê? Falar com Deus de três maneiras. A primeira maneira é a oração; a segunda é a súplica, quando fazemos petições específicas, provenientes do nosso coração, por necessi¬dades específicas; e a terceira maneira são as ações de graça pelas petições que fazemos diante de Deus.

Entretanto, nós não agimos assim se estamos cheios de ansiedade e carentes de alegria.

Como seria bom se colocássemos tudo o que enfrentamos, item por item, nas mãos de Deus! Caso contrário, quando surgir a primeira dificuldade, nós a colocaremos sobre nós mesmos. Depois virão a segunda e a terceira dificuldades e nós também as colocaremos sobre nós. E assim que o fardo vai ficando cada vez mais pesado, e como resultado de tanta pressão, nós perdemos a alegria.
Quando passam uma preocupação para nós, e nós deixamos de enviá-la a Deus para que Ele a carregue, então a preocupação certamente nos esmagará. Não devemos per¬mitir que as preocupações nos pressionem, mas devemos passá-las para Deus.

A saída é: "Em tudo, porém, sejam conhe¬cidas diante de Deus as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graça." Por sermos cristãos temos essa "saída", porque temos o Senhor, e porque Ele está perto. Orar é privilégio de cristão.

Podemos orar por tudo o que justifica a nossa ansiedade e por tudo o que pode causar em nós qualquer preocupação. Não ficamos ansiosos de coisa alguma, não porque somos naturalmente otimistas nem porque somos pessoas sem objetivo, que não se preocupam com nada; mas é porque temos Aquele a quem podemos tornar conhecidas as nossas petições; temos Aquele em quem podemos confiar, e que carrega nosso fardo.

A Bíblia não menciona só oração e súplica, mas também menciona ações de graça. Precisamos nos lembrar sempre: Tudo o que é colocado em nossas mãos é proveniente das "mãos que foram traspassadas", e tudo o que nos sobrevém é ordenado pelo Senhor que morreu por nós.

Orar é para receber algo de Deus, ao passo que dar graças é apresentar-lhe nossa oferta de ações de graça.

Sendo assim, em que tipo de coisas devemos dar graças?

Damos graças a Deus não só em momentos de alegria, mas também em momentos de tristeza e angústia; não só damos graças pelas coisas que nos parecem boas, mas também pelas que consideramos más.

Ó cristãos, precisamos adquirir o hábito de procurar oportunidades para agradecer a Deus. Mesmo que você tenha motivos de preocupação, ainda pode lançar a sua ansiedade e o seu fardo sobre Deus; então será impossível você não ficar alegre.

A Bíblia diz: "Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós"(l Pe 5:7).

Deus é o Deus que carrega nossas ansiedades; Ele nos chama para lançar sobre Ele as nossas preocupações, porque para Ele isso não é problema.

Se você é alguém que se preocupa com sua saúde, com sua família, com negócios, com a salvação dos outros, com o estado espiritual dos filhos de Deus, então, por favor, perceba que Deus quer que você lance, exatamente agora, cada uma de suas preocupações sobre Ele. Ele quer carregar hoje toda a sua ansiedade. Todos os que estão tristes, preocupados e pesarosos, venham para Deus! Hoje vocês não precisam mais preocupar-se com nada!

Se em tudo nós tornarmos conhecidas diante de Deus as nossas petições, pela oração, pela súplica e com ações de graça, então o resultado será excelente: "E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus".

Há uma diferença entre a paz que Ele dá e a Sua própria paz.

Para entender melhor o que significa a paz de Deus, consideremos alguns fatos registrados na Bíblia. No princípio, toda a criação de Deus era muito boa e agradável, mas um arcanjo (que depois se tornou o diabo) pecou, e um terço dos anjos seguiu o exemplo dele. A terra, então, tornou-se sem forma e vazia. Será que Deus ficou per¬turbado? Não, não ficou. Depois disso, em apenas seis dias, Deus concluiu Sua obra de restauração, e formou um casal para viver na terra. Mas eles também pecaram. Será que Deus se preocupou? Não, Ele continuou despreocupado. Embora os anjos tivessem caído, embora os homens tivessem caído, Deus ainda estava em paz. Mais tarde Deus enviou o Salvador para vir salvar o homem. De acordo com o nosso conceito, se o homem pecar hoje, amanhã Deus enviará o Salvador. Mas Deus não teve pressa. Quando chegou a plenitude dos tempos, só então Deus enviou Seu Filho (Gl 4:4). Ele não se apressou, mas esperou muitos anos. Hoje acontece a mesma coisa: Segundo nosso modo de pensar, a melhor coisa a fazer é empurrar o mundo todo para dentro da igreja. Mas Deus não se apressa. Isso é a paz de Deus!

"E a paz de Deus (...) guardará os vossos corações". No original grego, o termo guardará é um termo militar, que pode ser traduzido como "vigiará" ou "guarnecerá".

Nenhuma preocupação exterior pode invadir a paz de Deus em nosso coração.

Com a proteção da paz de Deus guardando o nosso coração e a nossa mente, que ou quem conse¬guiria intrometer-se em nosso coração e per¬turbar o nosso descanso?

Realmente a paz de Deus é a paz que excede o nosso entendimento, isto é, jamais poderíamos imaginar que existisse algo como a paz de Deus. Se em tudo confiarmos Nele, a paz que homem algum pode imaginar virá guardar o nosso coração, capacitando-nos, assim, a atravessar com segurança todas "as tempestades" no mar do mundo.

Você já experimentou alguma vez a paz de Deus? Você consegue perceber a proteção da paz de Deus? Você sabe o que é ter a paz de Deus guarnecendo o seu coração e a sua mente? A promessa "guardará os vossos corações e as vossas mentes" não significa guardar o ambi¬ente à sua volta nem significa eliminar as perturbações exteriores; significa, sim, trazer paz ao seu coração.

(...) se crermos na Palavra de Deus, nós teremos paz; se não crermos, não teremos paz. Se esperamos ter paz antes de crer, então será impossível ter paz. Se atualmente você está atravessando algum tipo de dificuldade ou de tristeza, que não está conseguindo suportar, diga ao Senhor Deus: "Ó Deus, confio isso em Tuas mãos." Então você terá paz. As ordens do Senhor são: "Alegrai-vos sempre no Senhor" e "Não andeis ansiosos de coisa alguma". A promessa de Deus é: "A paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus." Se nós obedecermos as Suas ordens, Ele cumprirá a Sua promessa!

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Recortes do livro “Intimidade com o Todo-Poderoso...”

Nota minha:

Apesar de este título soar de forma um pouco pedante, dando a impressão de ser um livro metódico, cansativo, não é esta a realidade. Falo isso, pois relutei em lê-lo quando li esse título, mas que bom que fui além das aparências... Identifiquei-me bastante com o conteúdo! O autor conta experiências pessoais enquanto pastor que, na época, tinha já seus “sessenta e poucos anos” e cita outros autores de seu gosto, literaturas que o marcaram, fora a própria Bíblia.

Este livro já é pequeno em quantidade de páginas, mas postei aqui recortes que foram para mim importantes ou, no mínimo, interessantes ou desafiadores.
Tornou-se uma leitura rápida, mas como o próprio autor menciona - profunda. Compartilho com você, espero que seja útil em sua vida. Boa leitura, meditação e (espero) prática!

Intimidade com o Todo-Poderoso: tendo um encontro com Cristo nos lugares secretos da sua vida
Autor: Charles R. Swindoll
Tradução: Milton Azevedo Andrade
São Paulo: Mundo Cristão, 1997
Título original: Intimacy with the almighty. ISBN 85-7325-120-4

“Não há nada como a profundidade para nos tornar insatisfeitos com as coisas superficiais.”

Coisas profundas são intrigantes. Selvas pro¬fundas. Águas profundas. (...) Pensamentos profun¬dos e conversas profundas. Uma vez que tenhamos cavado abaixo da superfí¬cie, e experimentado as maravilhas e os mistérios que há na profundidade, percebemos o valor de in¬vestirmos o tempo necessário e enfrentarmos todo obstáculo para alcançarmos essas profundezas.

Isso é particularmente verdadeiro no reino espi¬ritual. Deus nos convida a irmos mais a fundo, e não ficarmos satisfeitos com os aspectos superficiais.

Lemos nas Escrituras que o Espírito de Deus "a todas as coisas perscruta, até mesmo as profunde¬zas de Deus" (1 Co 2:10). A profundidade de sua sabedoria e de seus caminhos é definida como "insondável" e "inescrutável", de acordo com Roma¬nos 11:33:

"Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos!"

Próximo ao fim de suas tribulações, Jó refere-se aos propósitos profundos, misteriosos e inexplicá¬veis do Senhor como sendo "coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia" (Jó 42:3). O profeta Daniel afirmou que Deus "revela o profundo e o escondido" e que "conhece o que está em trevas" (Dn 2:22).

Em outro lugar lemos que o nosso Deus "das trevas manifesta coisas profundas e traz à luz a densa escuridade" (Jó 12:22). O salmista testifica que são "os teus juízos, como um abismo profundo" (Sl 36:6).

Certamente nosso Senhor opera em domínios muito além da nossa capacidade de compreender, mas ele espera que nós exploremos e experimente¬mos aquilo que está além do que é óbvio. Algumas das melhores verdades de Deus, como tesouros inestimáveis, acham-se escondidas em profundida¬des tais, que muitas pessoas nunca dão o tempo necessário para procurá-las e encontrá-las. Que per¬da para nós! Com paciência e graciosamente ele está à espera para revelar as percepções e as dimen¬sões da verdade àqueles que se dispõem ao menos a sondar, a examinar, a meditar.

Poderás descobrir as coisas profundas de Deus, ou des¬cobrir perfeitamente o Todo-Poderoso? Como as altu¬ras do céu é a sua sabedoria; que poderás tu fazer? Mais profunda é ela do que o Seol; que poderás tu saber? - Jó 11:7-8

Mesmo sendo tão importantes e intrigantes, co¬mo as coisas profundas de Deus devem ser, elas resistem totalmente a qualquer tentativa de ser descobertas pelos meios naturais de nossas mentes. Ele reserva essas coisas para aqueles cujos cora¬ções são totalmente dele... para aqueles que reser¬vam tempo suficiente para buscar sua face. Somente desse modo pode haver intimidade com o Todo-Poderoso.
As palavras de Richard Foster cabem inteira¬mente aqui:

“A superficialidade é a maldição dos nossos dias. A dou¬trina da satisfação instantânea é um dos principais problemas espirituais. A necessidade desesperadora hoje em dia não é de um número maior de pessoas inte¬ligentes, ou bem dotadas, mas sim de pessoas profun-das”.

A Ardente Busca de Paulo

[Pois o meu propósito, bem determinado,] é conhecê-lo — é conhecer progressivamente a Cristo com maior profundidade e intimidade, percebendo, reconhecendo e entendendo [as maravilhas da sua Pessoa] de modo mais forte e com maior clareza. E, da mesma forma, chegar a conhecer o poder que flui da sua ressurreição [o poder exercido sobre os crentes]; e assim compartilhar de seus sofrimentos, sendo continuamente trans¬formado [em espírito na sua exata semelhança] na sua morte. - Filipenses 3:10


Uma mudança é necessária! Como o grande apóstolo, façamos deste o nosso "propósito bem determinado". Nos esforcemos para deliberadamente abraçar este alvo: "conhecer a Cristo com maior profundidade e intimidade".
O salmista compreendeu. Ele, também, almeja¬va isso.

Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo... - Salmo 42:1-2

Essas palavras só poderiam ter sido escritas por alguém cujo ser interior ardentemente desejava alcançar as profundezas. Como ele descreve de for¬ma vivida esse seu desejo! "Por ti, ó Deus, suspira a minha alma.' Essa figura de uma corça suspirando por água é intrigante.

Quatro Decisões ... Quatro Disciplinas

Se é com seriedade que você se dispõe a conhe¬cer a Cristo com mais profundidade e de forma mais íntima, você verá que estes quatro itens são estratégicos no processo de alcançar este fim. Certa¬mente há mais coisas que poderíamos acrescentar aos mesmos, mas temos que observar no mínimo estes quatro.

“Deus nos fez simples e direitos, mas nós complicamos tudo. Eclesiastes 7:29”

1. Reorganizando o Nosso Mundo Particular: A Disciplina da Simplicidade

Tudo ao nosso redor trabalha contra a reorganização e contra a simplificação de nossas vidas. Tudo! O nosso mundo é confuso e complicado. Mas não foi assim que Deus o criou. Foi essa humanidade depravada e insaciável que o fez tornar desse jeito!
Os anúncios de publicidade têm um alvo básico: tornar-nos descontentes, miseravelmente insatisfei¬tos com o que somos e com o que temos. Por quê? Para que venhamos a adquirir o que eles nos ofere¬cem. O lema da nossa sociedade consumidora é um alto e dogmático - mais! Nada é satisfatoriamente suficiente.

Qualquer um que se inicia no mundo dos negó¬cios ou no mundo religioso sente que deve apren¬der rapidamente acerca da competição, o que mul-tiplica a pressão, aumenta as expectativas, e acelera a velocidade. Muito embora a competição tenha os seus benefícios, quem pode medir os efeitos secun¬dários indesejados que surgem quando ela é exage¬rada a ponto de ficar fora de controle?

Relaxar a tensão nunca é uma opção. O tamanho e a quantidade são sempre insuficientes. Salomão, o sábio, estava absoluta¬mente correto: "Nós complicamos tudo."

E não somente adquirimos coisas... nós também as guardamos, as acumulamos. E, ainda, nós não estamos simplesmente competindo... nós somos levados a vencer, sempre a vencer qualquer compe¬tição. E não apenas queremos mais, temos de despender mais tempo na manutenção de todas essas coisas. Manter-se à frente nessa corrida malu¬ca nos faz ficar exaustos, ansiosos, sem fôlego.

Certamente Deus não é o responsável por essa confusão. Para reorganizar o nosso próprio mundo, a ne¬cessidade de simplificar é imperativa. Caso contrário, nós não conseguiremos encontrar descanso dentro de nós, não conseguiremos entrar nos profundos e silenciosos recessos de nosso coração, lá onde as melhores mensagens de Deus nos são comunicadas. E se por muito tempo vivermos nessas condições, nosso coração ficará gelado em relação a Cristo, e acabaremos nos tornando alvos da sedução, num mundo perverso. Que perigos nos assediarão se chegarmos a esse estado!

“Aqueles que se dispõem a simplificar a sua vida, logo descobrem estar rigorosamente numa viagem solitária contra o vento.”

A inveja é ainda uma outra inimiga da simplifi¬cação da vida. Talvez não haja uma outra força tão sutil atuando entre os cristãos como a inveja, muito embora ela só leve a becos sem saída. Fechada numa síndrome horizontal de julgamento, de com¬parações e de lamentos (ou de sentimentos de orgu¬lho), a nossa atenção desvia-se das coisas de Deus para firmar-se nos outros e em nós mesmos. Em vez de estarmos contentes (o que é um dos maravi¬lhosos subprodutos da simplicidade), somos consu¬midos pela inveja. O nosso padrão de satisfação é elevado a um nível tão alto que nunca estamos em condições de alcançá-lo.

Para reiterar o movimento inicial em direção a cultivar uma intimidade com o Todo-Poderoso, é essencial que reorganizemos a nossa vida particu¬lar. E isso requer que abaixemos o nosso ritmo, e que acabemos com toda inveja, duas tarefas difíceis que ninguém mais pode fazer em nosso lugar.

Além disso, é tolice dizer-nos a nós mesmos que fi¬quemos inertes, esperando que os ventos deste mundo mudem de direção e soprem sobre o barco na nossa vida para as margens da simplicidade. Isso não vai acontecer, meu amigo! Aqueles que se dis¬põem a simplificar a sua vida, logo descobrem estar numa viagem solitária contra o vento.

Parafraseando um poeta:

Um barco vai para o leste e outro para o oeste
com exatamente os mesmos ventos soprando.
É a disposição das velas,
e não os fortes ventos,
que nos revelam
o caminho pela frente.

(Ella Wheeler Wilcox, "The Wind of Fate" (O Vento do Destino) em The Best Loved Poems of the American People (Os Melhores e Mais Amados Poemas do Povo Americano) - Comp. Hazel Felleman, Garden City, Nova York, Garden City Books; copyright 1936, por Doubleday & Company, Inc., 364.)

Para nos livrarmos da confusão, a simplicidade não é simplesmente alguma coisa boa — ela é essencial — para isso. Mas ela não é automática, ela vai exigir uma forte determinação de nossa parte.

“Conhecer a Deus de forma profunda e com intimidade requer esta disciplina: ‘Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus.’"

2. Aquietando-nos: A Disciplina do Silêncio

(...) não há outro meio pelo qual você e eu possamos nos mover em direção a um relacionamento mais profundo e ínti¬mo com o nosso Deus, a não ser com prolongados momentos de quietude, o que inclui uma das mais raras experiências de nossa vida: ficarmos em silên¬cio absoluto.

Ele [o salmista] escreveu essas palavras que nos são tão familiares, citadas por nós com frequência, mas que raramente obedecemos: "Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus" (Sl 46:10). Antes de nos apressarmos para além desse profundo manda¬mento, vamos revê-lo em nossas mentes várias ve¬zes.

Fiquem quietos! Saibam, de uma vez por todas, que Eu sou Deus! (BV)

Queiram estar, e estejam, quietos, e saibam - reco¬nheçam e entendam - que eu sou Deus. (AMP)

"Desistam", ele grita, "admitam que eu sou Deus." (Moffat)

"Parem de lutar e fiquem sabendo que eu sou Deus."(TLB)

Impressionou-me muito a criativa paráfrase fei¬ta por Eugene Peterson:

Caia fora da agitação! Contemple-me com amor, du¬rante um longo tempo, a mim que sou o seu Deus das Alturas, acima da política, acima de qualquer coisa. (The Message)

A ordem que nos é dada é para que paremos (li¬teralmente!)... para que descansemos, relaxemos, larguemos tudo, e tenhamos tempo para ele. É uma situação em que nós devemos estar parados, quie¬tos, atentos a ele, à sua espera. Uma experiência es¬tranha para nós, nestes tempos tão agitados! Não obstante, conhecer a Deus de forma profunda e com intimidade requer tal disciplina.

O silêncio afia os cantos vivos de nossa alma, sensibilizando-nos para sentirmos os leves toques de repreensão de nosso Pai celestial. O barulho, as palavras e os programas alucinantes, agitados, insensibilizam os nossos sentidos, fechando os nos¬sos ouvidos à sua voz tranquila, suave, tornando-nos insensíveis ao seu toque.

“O silêncio é indispensável se quisermos alcançar profundidade em
nossa vida espiritual.”

“A terapia da quietude, o contemplar da natureza, nunca deixarão de conduzir os
nossos corações para mais perto de Deus.”

Você se acha na condição de uma vítima do mundo barulhento, agitado, entupido de gente, em que você tem que passar muitas horas da sua vida? Ele não o está tornando insensível espiritualmente, levando você a fazer tudo de maneira mecânica, indo como um robô à igreja ou às reuniões de estudo bíblico que você antes tanto apreciava?

E quanto à oração? O barulho e as multidões têm um modo de extrair a sua energia e de lhe distrair, fazendo com que a oração se torne uma tarefa difícil de cumprir, algo adicional a tantas outras, em lugar de ser um alívio confortador. Pode até acontecer de você sentir um leve grau de depressão, como conse¬quência da ausência da quietude e do silêncio.

Sendo assim, é hora de falarmos francamente. Ninguém pode fazer nada para mudar esse dilema senão você! Deixar que as coisas continuem como estão vai fazê-lo gravitar em uma dentre duas dire¬ções. Ou você vai correr em meio às suas ativida¬des, cultivando uma espiritualidade hipócrita es¬condida atrás da máscara de um falso entusiasmo, ou você simplesmente vai decair em seu envolvi¬mento e vai distanciar-se de um relacionamento significativo com os outros crentes. Em ambos os casos, você estará criando as condições ideais para uma queda. Isso eu tenho visto acontecer com mui¬to mais frequência do que posso me lembrar.

Se isso se parece com algum aspecto do estilo de vida que você está levando, agora a jogada é sua! Se o ritmo e a pressão, o barulho e as multidões o estão aprisio¬nando, é hora de parar com essa loucura e achar um lugar de alívio para refrescar o seu espírito. Deliberadamente diga "não" com mais frequência. Isso vai levar você a diminuir o ritmo, ficar algum tempo sozinho, desabafar o seu coração tão sobre¬carregado, e admitir a sua desesperada necessidade de um refrigério interior.

A boa nova é que Ele vai ouvir e vai ajudá-lo. A má notícia é esta: se você ficar à espera de que al¬guém venha fazer com que haja uma mudança, tudo só vai deteriorar. O seu fervor espiritual vai diminuir e você ficará vulnerável a um ataque do adversário, o que certamente ocorrerá. Fortalecer-se perante o Senhor é a sua única esperança.

“Se o barulho e as multidões o estão aprisionando, é hora de parar e sair em busca de um lugar de alívio para serenizar o seu espírito.”

A intimidade com o Senhor exige atos de disci¬plina que não são mais valorizados ou imitados pela maioria das pessoas hoje em dia. Para come-çar, tem que haver simplicidade, pois isto nos ajuda a reorganizar o nosso mundo particular. Depois, tem que haver silêncio, coisa rara em nossos tem¬pos. O silêncio, como vimos nas Escrituras, traz sig¬nificado aos nossos momentos de quietude.

Como todos nós podemos constatar, Deus não fala à mente apressada e preocupada. É necessário algum tempo a sós com ele e com a sua Palavra para que a nossa força espiritual se recupere. Esse pensamento, em si, nos leva a uma terceira prioridade se almejamos ter um relacionamento íntimo com o Todo-Poderoso.

3. Cultivando Serenidade: A Disciplina da Solitude

Henri Nouwen descreve a solitude com palavras de ordem prática e penetrantes:

Na solitude eu me liberto de toda a minha armação: nada de amigos com quem conversar, nenhum telefone¬ma para dar, nenhuma reunião para ir, nenhuma mú¬sica para ouvir, nenhum livro para me distrair, apenas eu — nu, vulnerável, fraco, com pecado, sem nada para fazer, quebrantado — com mais nada. E esse nada que eu tenho que me defrontar na minha solitude, um nada tão aterrorizante que todo o meu ser deseja correr para junto de meus amigos, para o meu trabalho, para tudo o que me distrai, para que assim eu venha a esquecer esse meu nada e passar a crer que eu tenho algum valor. Mas isso não é tudo. Assim que decido permanecer na minha solitude, ideias confusas, imagens perturbadoras, incontroláveis fantasias e misteriosas associações de pensamentos atacam a minha mente tal como macacos atacam uma bananeira. A raiva e a ava¬reza começam a mostrar as suas caras feias...
A minha tarefa é então perseverar na minha solitude, ficando na minha célula até que todos os visi¬tantes sedutores se cansem de bater em minha porta e deixem-me sozinho.

“Deus, que sonda os nossos pensamentos nos períodos de solitude, abre os nossos olhos para tudo o que necessita de atenção.”

O salmista percebeu a necessidade de um exame interior profundo. De fato, ele convidou a sonda de raios laser de Deus a descer até as câmaras mais profundas do seu coração e dos seus pensamentos:

Senhor, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me assento e quando me levanto; de longe penetras os meus pensamentos. Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar e conheces todos os meus caminhos. Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, Senhor, já a conheces toda. Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno. - Salmo 139:l-4;23-24

Uma inquietação em nosso interior cresce den¬tro de nós quando nos recusamos a nos isolar para examinar-mos o nosso próprio coração e os nossos motivos. Corremos o risco de nos embaraçarmos sempre com nossas atividades e responsabilidade, e por isso temos que nos esforçar para prosseguir, para permanecermos ativos e ocupados na obra do Senhor. Se não nos empenharmos em retroceder, em ficar a sós para o árduo trabalho do auto-exame em momentos de solitude, a serenidade permane¬cerá na condição de apenas um sonho distante.

“Quão ocupados nós podemos nos tornar... e, em consequência, quão vazios!”

É tempo do juízo começar na casa de Deus. Ad¬mitamos isso, você e eu sabemos que os lugares mais propícios à interminável conversa mole são os círculos religiosos. Como é fácil sermos vítimas de uma conversa sem sentido, de respostas pré-fabricadas, e de atividades descuidadas! Não era para ser assim; mas, na maioria das vezes, é desse jeito que é. Para combatermos isso, a solitude é ne¬cessária. O difícil trabalho de um auto-exame, feito repetidamente, é absolutamente essencial.

Voltaram os apóstolos à presença de Jesus e lhe relata¬ram tudo quanto haviam feito e ensinado. E ele lhes disse: Vinde repousar um pouco, a parte, num lugar deserto; porque eles não tinham tempo nem para comer, visto serem numerosos os que iam e vinham. Então, foram sós no barco para um lugar solitário. - Marcos 6:30-32

O nosso Senhor, mesmo apreciando o árduo tra¬balho e as obras de fé dos apóstolos, quando retor¬naram das ministrações que tinham feito, viu a ne-cessidade que eles tinham de um descanso e refle¬xão. Ele conhecia muito bem a influência exaustante das muitas pessoas "que iam e vinham" (parece até a cena após o término do culto de muitas igre¬jas), e então os encorajou a deixarem tudo. Colo¬cando-os num barco, navegou com eles até "um lugar solitário". Por quê?

Para que pudessem estar num "lugar solitário", isto é, sem mais ninguém. Claramente vemos que Jesus reconheceu o valor da solitude... a necessidade de escapar de toda ativida¬de. Lá a serenidade poderia ser cultivada.
4. Confiando no Senhor Completamente: A Disci¬plina da Renúncia

Provér¬bios 3:5-6:
Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas.

Quem quer que esteja determinado a conhecer de forma mais profunda e íntima o Senhor, não pode reter os privilégios em sua própria posição ou lugar... ou com ansiedade preocupar-se com o su¬cesso dos detalhes de sua própria vida. Tem que haver uma completa e não condicional confiança no Senhor vivo. Em outras palavras, a pessoa tem de desenvolver a disciplina da renúncia.

“A renúncia é a chave que abre os cofres de Deus que contêm os seus melhores e mais profundos tesouros.”

Nós temos criado uma geração de rapazes e moças que são obstinados, briguentos, indepen¬dentes. Renúncia é uma palavra que não está no seu vocabulário. É pena, pois a renúncia é a chave que abre os cofres de Deus que contêm os seus me¬lhores e mais profundos tesouros. Com paciência ele espera pela nossa rendição, espera que paremos de lutar contra ele, que permitamos que o seu plano tenha o seu curso normal, que nos voltemos para ele e alcancemos a nossa segurança e realização. Quando ele testemunha o nosso agir assim, passa a revelar-nos a si mesmo e também a sua vontade com uma profundidade muito maior.

“Sob o seu controle, nada ficará fora de controle, pois ele é totalmente fiel.”

Finalmente eu estou aprendendo que o seu plano soberano é o melhor plano; que seja o que for que eu confie a ele, ele tomará conta e fará melhor do que eu; que, sob o seu controle, nada ficará fora de controle; que tudo o que necessito é do seu co¬nhecimento, em todos os detalhes; que ele tem o poder de suprir, de guiar, de começar, de terminar, de sustentar, de mudar e de corrigir minha vida a seu tempo e para os seus propósitos. Quando eu não interfiro e faço as coisas por conta própria, a sua vontade é realizada, o seu Nome é exaltado, e a sua glória é magnificada.

Finalmente estou aprendendo que ao render-me ao meu soberano Senhor, deixando os detalhes do meu futuro em suas mãos, estou praticando o ato de obediência mais responsável que eu poderia praticar. E enquanto eu não fizer isso, tornar-me uma pessoa não superficial continuará sendo nada mais do que um sonho distante e piedoso.

“Quando eu não interfiro e faço as coisas por conta própria, a sua vontade é realizada, o seu Nome é exaltado, e a sua glória é magnificada.”

Esta foi uma jornada de desafios e descobertas. Como mencionei no início, coisas profundas são desafiadoras e desvendadoras. (...) Gastei apenas algumas páginas apresentando os traços gerais de quatro decisões, acompanhadas de quatro disciplinas, que nos podem levar para um relacionamento mais profundo, mais íntimo com o Todo-Poderoso. Se elas forem levadas a sério e praticadas com persistência, estou convencido de que propiciarão uma profunda diferença em nossa vida espiritual. Sem elas, entretanto, a superficialidade continuará a ser a característica da nossa vida.

Em resumo, estas são as decisões e as disciplinas que temos considerado:
1. Para reorganizar o nosso mundo particular, te¬mos de aprender a exercitar a disciplina da simplicidade.
2. Para nos aquietarmos, a disciplina do silêncio tem que ser apreciada.
3. Para cultivarmos a serenidade, é imperativo que observemos a disciplina da solitude.
4. Para confiarmos em Deus completamente, isso requer a disciplina da renúncia.

(...) Alguns dentre os que lerem despertarão para o fato de que é tem¬po de pôr os pés nos freios e mandar embora a de¬sordem... é hora de parar e observar, de se aquietar e aprender, de ficar a sós e identificar o que está es¬condendo o perfeito caminho do Pai.