A Arte de Escrever - Schopenhauer

Recortes do livro A arte de escrever, de Arthur Schopenhauer.

Sobre a erudição e os eruditos

Uma onça de espírito de um homem equivale a uma tonelada do de outras pessoas.*

*Uma onça é uma medida de peso inglesa que corresponde a 28,349 gramas. A citação é de A vida e as opiniões do cavalheiro Tristam Shandy, do romancista irlandês Laurence Sterne (1713-1768).

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A burrice e a maledicência são permitidas: a inépcia é um direito de todos.

Pensar por si mesmo

O efeito que o pensamento próprio tem sobre o espírito é incrivelmente diferente do efeito que caracteriza a leitura, (...) A leitura impõe ao espírito pensamentos que, em relação ao direcionamento e à disposição dele naquele momento, são tão estranhos e heterogênios quanto é o selo em relação ao lacre sobre o qual imprime sua marca. (...) Em contrapartida, quando alguém pensa por si mesmo, segue seu mais próprio impulso, tal como está determinado no momento, seja pelo ambiente que o cerca, seja por alguma lembrança próxima. (...) No fundo, apenas os pensamentos próprios são verdadeiros e têm vida, pois somente eles são entendidos de modo autêntico e completo. Pensamentos alheios, lidos, são como as sobras da refeição de outra pessoa, ou como as roupas deixadas por um hóspede na casa.

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(...) muitos livros servem apenas para mostrar quantos caminhos falsos existem e como uma pessoa pode ser extravida se resolver segui-los. Mas aquele que é conduzido pelo gênio, ou seja, aquele que pensa por si mesmo, que pensa por vontade própria, de modo autêntico, possui a bússola para encontar o caminho certo. [...] Às vezes é possivel desvendar, com muito esforço e lentidão, por meio do próprio pensamento, uma verdade, uma ideia que poderia ser encontrada confortavelmente já pronta em um livro. No entanto, ela é cem vezes mais valiosa quando obtida por meio do próprio pensamento.

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Ler significa pensar com uma cabeça alheia, em vez de pensar com a própria. Nada é mais prejudicial ao pensamento próprio - que sempre aspira desenvolver um conjunto coeso, um sistema, mesmo que na seja rigorosamente fechado - do que uma influência muito forte de pensamentos alheios, provenientes da leitura contínua.

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Por isso, faz bem em dedicar o tempo restante à leitura, que consitui, como já foi dito, um substituto para o pensamento próprio e alimenta o espírito com materiais, à medida que um outro pensa por nós, embora o faça sempre de um modo que não é nosso. É justamente por isso que não se deve ler demais, para que o espírito não se acostume com a substituição e desaprenda a pensar, ou seja, para que ele não se acostume com trilhas já percorridas e para que o passo do pensamenrto alheio não provoque uma estranheza em relação a nosso próprio modo de andar.

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No reino da realidade, por mais bela, feliz e graciosa que ela possa ser, nós nos movemos sempre sob a influência da gravidade, força que precisamos superar incessantemente. Em compensação, no reino dos pensamentos, somos espíritos incorpóreos, sem gravidade e sem necessidade. Por isso não existe felicidade maior na Terra do que aquela que um espírito belo e produtivo encontra em si mesmo nos momentos felizes.

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A presença de um pensamento é como a presença de quem se ama. (...) O mais belo pensamento corre o perigo de ser irremediavelmente esquecido quando não é escrito, assim como a amada pode nos abandonar se não nos casarmos com ela.


Sobre a escrita e o estilo - (Parte I)

(...) o novo raramente é bom, porque o que é bom só é novo por pouco tempo.*

*Para assegurar a atenção e o interesse permanentes do público, é preciso escrever algo que tenha valor permanente, ou então escrever sempre algo novo, que justamente por isso acabará sendo cada vez pior.


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O título [de uma obra] deve ser significativo e, como é constitutivamente curto, deve ser conciso, lacônico, expressivo, se possível um monograma do conteúdo.


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O que torna um homem capaz de conversar bem é a compreensão, o critério, o humor e a vivacidade que dão à conversação sua forma. Mas logo em seguida entra em consideração a matéria da conversa, portanto aquilo sobre o que se pode falar com determinada pessoa, seus conhecimentos. (...) mais sábio o ignorante em sua casa do que o sábio na casa alheia.


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A vida autêntica de um pensamento dura até ele chegue ao ponto em que faz fronteira com as palavras: ali se petrifica, e a partir de então está morto, entretanto é indestrutível, (...).


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As cabeças triviais se esforçam ardentemente para se apropriar de tal noção [fundamental falsa] e exercitar tal modo [modo falso de se expressar]. O homem inteligente reconhece e despreza essas coisas, permanecendo fora de moda.


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Se nada parece ruim a alguém, também nada lhe parece bom.


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Riemer tem toda razão quando, em sua "Comunicação sobre Goethe", p.XXIX do prefácio, diz: 'Um adversário que mostra sua cara abertamente é uma pessoa honrada, moderada, com a qual é possível se entender, chegar a um acordo, a uma reconciliação; em compensação, um adversário escondido é um patife covarde e infame, que não tem a coragem de assumir seus julgamentos, portanto alguém que não defende sua opinião, mas se interessa apenas pelo prazer secreto que sente em descarregar sua ira sem ser reconhecido nem sofrer retaliações'. (...) cada um que declara algo publicamente, por meio do porta-voz de longo alcance que é a imprensa, seria responsabilizado ao menos com sua honra, caso ainda possuísse alguma; se não possuísse, seu nome neutralizaria o seu discurso. Usar o anonimato para atacar pessoas que não escreveram anonimamente é evidentemente desonroso.


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O estilo [linguístico] é a fisionomia do espírito. E ela é menos enganosa do que a do corpo. (...) Devemos descobrir os erros estilísticos nos escritos para evitá-los nos nossos.


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Eulenspigel deu, ao passante que lhe perguntava quanto tempo demoraria para chegar na próxima vila, uma resposta aparentemente absurda, dizendo 'Ande!', com intenção de medir a partir de seu passo o tempo que ele levaria.* Da mesma maneira, leio algumas páginas de um autor e então já sei mais ou menos até onde ele pode me levar.

*Till Eulenspigel é um personagem burlesco da literatura popular alemã.


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Não há nada mais fácil do que escrever de tal maneira que ninguém entenda; em compensação, nada mais difícil do que expressar pensamentos significaivos de modo que todos os compreendam. (...) O saber é o princípio e a fonte para se escrever bem.*

*Horácio, Arte poética, 309.


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Um autor deveria (...) evitar acima de tudo o esforço de demonstrar mais talento do que de fato tem, porque isso desperta no leitor a desconfiança de que ele possui muito pouco, uma vez que só finge ter algo que realmente não se tem.

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Em geral, a ingenuidade atrai, enquanto a artificialidade repulsa.

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É do pensamento que o estilo recebe a beleza, e não o contrário, como ocorre naqueles pseudopensadores que buscam tornar seus pensamentos belos com o auxílio do estilo. Em todo caso, o estilo não passa da silhueta do pensamento: escrever mal, ou de modo obscuro, significa pensar de modo confuso e indistinto.

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Quem tem algo digno de menção a ser dito não precisa ocultá-lo em expressões cheias de preciosismos, em frases difíceis e alusões obscuras, mas pode se expressar de modo simples, claro e ingênuo, estando certo com isso de que suas palavras não perderão o efeito. Assim, quem precisa usar os artifícios mencionados antes revela sua pobreza de pensamentos, de espírito e de conhecimento.


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Um bom escritor, rico em pensamentos, conquista de imediato entre seus leitores o crédito de ser alguém que, a sério, realmente tem algo a dizer quando se manifesta; é essa atitude que dá ao leitor esclarecido a paciência de segui-lo com atenção. Justamente porque tem algo a dizer, tal escritor se expressará sempre da maneira mais simples e precisa, uma vez que pretende despertar no leitor exatamente o pensamento que tem naquele momento, e nenhum outro.

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Meu pensamento se abre e se expõe em plena luz,
E meu verso, mal ou bem, diz sempre alguma coisa;

Boileau


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Seria possível atribuir a falta de espírito e o caráter entediante dos escritos das mentes triviais ao fato de elas sempre falarem sabendo as coisas pela metade, isto é, elas não entendem propriamente o sentido de suas próprias palavras, pois se trata de algo que foi aprendido e recebido já pronto; por isso utilizam, mais que palavras, frases inteiras repetidas (phrases banales).


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Pessoas de talento, por sua vez, dirigem-se realmente a nós em seus escritos, e por isso são capazes de nos animar e entreter: apenas elas combinam as palavras com plena consciência, com critério e intenção.

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Sobre a escrita e o estilo - (Parte II)

O tédio objetivo tem origem sempre na falta que está em questão aqui, portanto no fato de que o autor não possui nenhum pensamento ou conhecimento perfeitamente claros para comunicar. Pois quem os possui trabalha tendo em vista seu objetivo, ou seja, a comunicação do pensamento seguindo uma linha reta e fornecendo conceitos claramente expressos, por isso não é prolixo, nem vazio, nem confuso e, consequentemente, não é entediante. (...) Em compensação, pelos mesmos motivos, um texto objetivamente entediante é sempre destituído de valor. (...) O tédio subjetivo, por sua vez, é algo apenas relativo: ele se baseia na falta de interesse pelo assunto, da parte do leitor, o que indica uma certa limitação.

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Palavras ordinárias são usadas para dizer coisas extraordinárias; mas eles [alguns escritores alemães da época] fazem o contrário.

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A pobreza de espírito gosta de usar tal roupagem [style empesé associado ao preciosismo], da mesma maneira que, na vida, a burrice se disfarça com a solenidade e a formalidade.

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Querer escrever como se fala é tão condenável quanto o contrário, ou seja, querer falar como se escreve, o que resulta num modo de falar pedante e ao mesmo tempo difícil de entender.

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A obscuridade e a falta de clareza da expressão são sempre um péssimo sinal. Pois em noventa e nove por cento dos casos elas se baseiam na falta de clareza do pensamento, que por sua vez resulta quase sempre de um equívoco, uma inconsistência e incorreção mais originais.

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O que uma pessoa é capaz de pensar sempre se deixa expressar em palavras claras e compreensíveis, sem ambiguidade. Aqueles que elaboram discursos difíceis, obscuros, dubitativos e ambíguos com certeza não sabem direito o que querem dizer, mas têm uma consciência nebulosa do assunto e lutam para chegar a formular um pensamento.

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Assim como todo excesso numa atividade costuma levar ao contrário do que se pretendia, as palavras servem de fato para tornar os pensamentos compreensíveis, mas só até certo ponto. (...) Encontrar tal ponto é uma tarefa de estilo e uma questão da capacidade de julgar, pois toda palavra supérflua age diretamente contra o seu objetivo.

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É sempre melhor deixar de lado algo bom do que incluir algo insignificante.

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Usar muitas palavras para comunicar poucos pensamentos é sempre o sinal inconfundível da mediocridade; em contrapartida, o sinal de uma cabeça eminente é resumir muitos pensamentos em poucas palavras.

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A verdade fica mais bonita nua, e a impressão que ela causa é mais profunda quanto mais simples for sua expressão.

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A lei da simplicidade e da ingenuidade, já que essas qualidades combinam com o que há de mais sublime, vale para todas as belas-artes.

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Mesmo a boa mente não deve ser ingênua, já que pareceria seca e magra. Por isso a ingenuidade se mantém como a indumentária de honra do gênio, assim como a nudez é da beleza.

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A autêntica concisão da expressão consiste em dizer apenas, em todos os casos, o que é digno de ser dito, com a justa distinção entre o que é necessário e o que é supérfluo, evitanto todas as explicações prolixas sobre coisas que qualquer um pode pensar por si mesmo.

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Enfraquecer a expressão de um pensamento, obscurecer o sentido de uma frase para usar algumas palavras a menos é uma lamentável insensatez.

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(...) o estilo não deve ser subjetivo, mas objetvo; e para tanto é necessário dispor as palavras de maneira que elas forcem o leitor, de imediato, a pensar exatamente o mesmo que o autor pensou.

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(...) o caminho da cabeça para o papel é muito mais fácil do que o caminho do papel para a cabeça, então é preciso ajudá-los no segundo percurso com todos os meios à nossa disposição.

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O princípio condutor da estilística deveria ser o fato de que uma pessoa só pode pensar com clareza um pensamento de cada vez; assim, não pode exigir que pense dois, ou mesmo mais, de uma vez só.

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Sobre a leitura e os livros


(...) os pensamentos postos em papel não passam, em geral, de um vestígio deixado na areia por um passante: vê-se bem o caminho que ele tomou, mas para saber o que ele viu durante o caminho é preciso usar os próprios olhos.

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Ocorre na literatura o mesmo que na vida: para onde quer que alguém se volte, depara-se logo com o incorrigível vulgo da humanidade, que se encontra por toda parte em legiões, enchendo e sujando tudo, como as moscas no verão.

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Para ler o que é bom uma condição é não ler o que é ruim, pois a vida é curta, o tempo e a energia são limitados.

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Exigir que alguém tivesse guardado tudo aquilo que já leu é o mesmo que exigir que ele ainda carregasse tudo aquilo que já comeu. Ele viveu do alimento corporalmente e do que leu, espiritualmente, e foi assim que se tornou o que é. Mas da mesma maneira que o corpo assimila o que lhe é homogêneo, o espírito guarda o que lhe interessa, ou seja, o que diz respeito a seu sistema de pensamentos ou o que se adapta a suas finalidades.

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(...) [A repetição é a mãe do estudo]. Cada livro importante deve ser lido, de imediato, duas vezes, em parte porque as coisas são melhor compreendidas na segunda vez, em seu contexto, e o início é entendido corretamente quando se conhece o final; em parte porque, na segunda vez, cada passagem é acompanhada com outra disposição e com outro humor, diferentes dos da primeira, de modo que a impressão se altera como quando um objeto é observado sob uma luz diversa.

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Há duas histórias: a política e a da literatura e da arte. A primeira é a história da vontade, a segunda, a do intelecto. É por isso que a primeira geralmente é angustiante, mesmo terrível: medo necessidade, engano, e assassinatos horríveis, em massa. A outra, em contrapartida, é agradável e jovial, assim como o intelecto isolado, mesmo quando descreve erros e descaminhos.

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Sobre a linguagem e as palavras

A voz dos animais serve unicamente para expressar a vontade em suas excitações e movimentos, mas a voz humana também serve para expressar conhecimento.

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(...) o que me parece mais plausível é a suposição de que o homem inventou a linguagem instintivamente, uma vez que há nele, desde sua origem, um instinto por meio do qual, sem reflexão ou intenção consciente, produz os instrumentos e órgãos indispensáveis para o uso de sua razão.

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Às vezes falta em uma língua a palavra para um conceito, embora ela se encontre na maioria das outras, ou mesmo em todas (...) Às vezes ocorre também que uma língua estrangeira expresse um conceito com sutileza que a nossa própria língua não lhe dá, de modo que o pensamos apenas naquela língua com tal sutileza. (...) É por isso que todas as traduções são imperfeitas. Quase nunca é possível traduzir de uma língua para outra qualque frase ou expressão característica, marcante, significativa de tal maneira que ela produza exata e perfeitamente o mesmo efeito. (...) Poemas não podem ser traduzidos, mas apenas recriados poeticamente; e o resultado é sempre duvidoso.

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(...) a língua é, para o espírito de uma nação, o que o estilo é para o espírito de um indivíduo. [Dominar realmente várias novas línguas e lê-las com facilidade é um meio de se livrar das limitações nacionais que, de outro modo, ficam marcardas em cada pessoa. (Nota do Autor)]

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(...) no aprendizado de cada língua estrangeira formam-se novos conceitos para dar sentido a novos signos; distinguem-se certos conceitos que antes constituíam juntos um conceito mais amplo, portanto mais indeterminado, exatamente porque só havia uma palavra para eles; relações que não eram conhecidas até então são descobertas, porque a língua estrangeira designa o conceito por meio de um tropus ou metáfora que lhe é peculiar. Assim, mediante a língua aprendida, toma-se consciência de uma quantidade infinita de sutilezas, semelhanças, diferenças, relações entre as coisas. Nosso pensamento ganha, com o aprendizado de cada língua, uma nova modificação e tonalidade, de modo que o poliglotismo, além de ter várias utilidades indiretas, é também um meio direto de formação espiritual, pois aperfeiçoa e corrige nossas apreciações com a introdução da pluralidade e das sutilezas dos conceitos, aumentando também a flexibilidade do pensamento à medida que o conceito se torna cada vez mais livre da palavra com o aprendizado de várias línguas.

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Só escrevendo em latim se aprende a dicção como uma obra de arte, cuja matéria é a língua, que por isso precisa ser tratada com o maior cuidado e a maior delicadeza. A partir de então se dedica atenção mais aguçada ao sigificado e ao valor das palavras, ao seu conjunto e às formas gramaticais; aprende-se a pesar essas coisas com exatidão e, assim, a manejar o precioso material apropriado a servir para expressão e conservação de pensamentos valiosos.

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É correto, e mesmo necessário, que a provisão de palavras de uma língua seja aumentada no mesmo passo em que aumentam os conceitos. Em contrapartida, se aquilo acontece sem isso, trata-se apenas de um sinal da pobreza de espírito de quem gostaria de levar alguma coisa para o mercado e no entanto, como não tem nenhum pensamento novo, vem com novas palavras. Essa maneira de enriquecer a língua está agora na ordem do dia e é um sinal dos tempos. Mas novas palavras para velhos conceitos são como uma nova cor aplicada a uma velha roupa.

De passagem e apenas porque o exemplo está tão próximo, note-se aqui que só se deve usar "isso e aquilo" quando cada um dos termos está no lugar de mais de uma palavra, como no parágrafo anterior, mas não quando se referem a apenas uma. Nesse caso é melhor repeti-la (...)

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Desprezamos a escrita chinesa. Mas a tarefa de toda escrita é despertar conceitos na mente do outro, por meio de sinais visíveis, é evidente que se trata de um grande desvio apresentar aos olhos, em primeiro lugar, apenas um signo do signo auditivo, e fazer dele o portador exclusivo dos conceitos. Com isso, a nossa escrita com letras se reduz a um signo do signo.

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As consoantes são o esqueleto, e as vogais, a carne das palavras. O esqueleto é (no indivíduo) inalterável, e a carne, muito mutável, em termos de cor, qualidade e quantidade. Com isso, as palavras conservam, à medida que são modificadas pelos séculos ou passam de uma língua para outra, o conjunto de suas consoantes, mas suas vogais se alteram com facilidade; é por esse motivo que, na etimologia, deve-se atentar muito mais para aquelas do que para essas.

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