Recortes do livro “Intimidade com o Todo-Poderoso...”

Nota minha:
Apesar de este título soar de forma um pouco pedante, dando a impressão de ser um livro metódico, cansativo, não é esta a realidade. Falo isso, pois relutei em lê-lo quando li esse título, mas que bom que fui além das aparências... Identifiquei-me bastante com o conteúdo! O autor conta experiências pessoais enquanto pastor que, na época, tinha já seus “sessenta e poucos anos” e cita outros autores de seu gosto, literaturas que o marcaram, fora a própria Bíblia.
Este livro já é pequeno em quantidade de páginas, mas postei aqui recortes que foram para mim importantes ou, no mínimo, interessantes ou desafiadores.
Tornou-se uma leitura rápida, mas como o próprio autor menciona - profunda. Compartilho com você, espero que seja útil em sua vida. Boa leitura, meditação e (espero) prática!

Intimidade com o Todo-Poderoso: tendo um encontro com Cristo nos lugares secretos da sua vida
Autor: Charles R. Swindoll
Tradução: Milton Azevedo Andrade
São Paulo: Mundo Cristão, 1997
Título original: Intimacy with the almighty. ISBN 85-7325-120-4

“Não há nada como a profundidade para nos tornar insatisfeitos com as coisas superficiais.”

Coisas profundas são intrigantes. Selvas pro­fundas. Águas profundas. (...) Pensamentos profun­dos e conversas profundas. Uma vez que tenhamos cavado abaixo da superfí­cie, e experimentado as maravilhas e os mistérios que há na profundidade, percebemos o valor de in­vestirmos o tempo necessário e enfrentarmos todo obstáculo para alcançarmos essas profundezas.

Isso é particularmente verdadeiro no reino espi­ritual. Deus nos convida a irmos mais a fundo, e não ficarmos satisfeitos com os aspectos superficiais.

Lemos nas Escrituras que o Espírito de Deus "a todas as coisas perscruta, até mesmo as profunde­zas de Deus" (1 Co 2:10). A profundidade de sua sabedoria e de seus caminhos é definida como "insondável" e "inescrutável", de acordo com Roma­nos 11:33:

"Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos!"

Próximo ao fim de suas tribulações, Jó refere-se aos propósitos profundos, misteriosos e inexplicá­veis do Senhor como sendo "coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia" (Jó 42:3). O profeta Daniel afirmou que Deus "revela o profundo e o escondido" e que "conhece o que está em trevas" (Dn 2:22).

Em outro lugar lemos que o nosso Deus "das trevas manifesta coisas profundas e traz à luz a densa escuridade" (Jó 12:22). O salmista testifica que são "os teus juízos, como um abismo profundo" (Sl 36:6).

Certamente nosso Senhor opera em domínios muito além da nossa capacidade de compreender, mas ele espera que nós exploremos e experimente­mos aquilo que está além do que é óbvio. Algumas das melhores verdades de Deus, como tesouros inestimáveis, acham-se escondidas em profundida­des tais, que muitas pessoas nunca dão o tempo necessário para procurá-las e encontrá-las. Que per­da para nós! Com paciência e graciosamente ele está à espera para revelar as percepções e as dimen­sões da verdade àqueles que se dispõem ao menos a sondar, a examinar, a meditar.

Poderás descobrir as coisas profundas de Deus, ou des­cobrir perfeitamente o Todo-Poderoso? Como as altu­ras do céu é a sua sabedoria; que poderás tu fazer? Mais profunda é ela do que o Seol; que poderás tu saber? - Jó 11:7-8

Mesmo sendo tão importantes e intrigantes, co­mo as coisas profundas de Deus devem ser, elas resistem totalmente a qualquer tentativa de ser descobertas pelos meios naturais de nossas mentes. Ele reserva essas coisas para aqueles cujos cora­ções são totalmente dele... para aqueles que reser­vam tempo suficiente para buscar sua face. Somente desse modo pode haver intimidade com o Todo-Poderoso.
As palavras de Richard Foster cabem inteira­mente aqui:

“A superficialidade é a maldição dos nossos dias. A dou­trina da satisfação instantânea é um dos principais problemas espirituais. A necessidade desesperadora hoje em dia não é de um número maior de pessoas inte­ligentes, ou bem dotadas, mas sim de pessoas profun­das”.

A Ardente Busca de Paulo

[Pois o meu propósito, bem determinado,] é conhecê-lo — é conhecer progressivamente a Cristo com maior profundidade e intimidade, percebendo, reconhecendo e entendendo [as maravilhas da sua Pessoa] de modo mais forte e com maior clareza. E, da mesma forma, chegar a conhecer o poder que flui da sua ressurreição [o poder exercido sobre os crentes]; e assim compartilhar de seus sofrimentos, sendo continuamente trans­formado [em espírito na sua exata semelhança] na sua morte. - Filipenses 3:10


Uma mudança é necessária! Como o grande apóstolo, façamos deste o nosso "propósito bem determinado". Nos esforcemos para deliberadamente abraçar este alvo: "conhecer a Cristo com maior profundidade e intimidade".
O salmista compreendeu. Ele, também, almeja­va isso.

Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo... - Salmo 42:1-2

Essas palavras só poderiam ter sido escritas por alguém cujo ser interior ardentemente desejava alcançar as profundezas. Como ele descreve de for­ma vivida esse seu desejo! "Por ti, ó Deus, suspira a minha alma.' Essa figura de uma corça suspirando por água é intrigante.
Quatro Decisões ... Quatro Disciplinas

Se é com seriedade que você se dispõe a conhe­cer a Cristo com mais profundidade e de forma mais íntima, você verá que estes quatro itens são estratégicos no processo de alcançar este fim. Certa­mente há mais coisas que poderíamos acrescentar aos mesmos, mas temos que observar no mínimo estes quatro.

“Deus nos fez simples e direitos, mas nós complicamos tudo. Eclesiastes 7:29”

1. Reorganizando o Nosso Mundo Particular: A Disciplina da Simplicidade

Tudo ao nosso redor trabalha contra a reorganização e contra a simplificação de nossas vidas. Tudo! O nosso mundo é confuso e complicado. Mas não foi assim que Deus o criou. Foi essa humanidade depravada e insaciável que o fez tornar desse jeito!
Os anúncios de publicidade têm um alvo básico: tornar-nos descontentes, miseravelmente insatisfei­tos com o que somos e com o que temos. Por quê? Para que venhamos a adquirir o que eles nos ofere­cem. O lema da nossa sociedade consumidora é um alto e dogmático - mais! Nada é satisfatoriamente suficiente.

Qualquer um que se inicia no mundo dos negó­cios ou no mundo religioso sente que deve apren­der rapidamente acerca da competição, o que mul­tiplica a pressão, aumenta as expectativas, e acelera a velocidade. Muito embora a competição tenha os seus benefícios, quem pode medir os efeitos secun­dários indesejados que surgem quando ela é exage­rada a ponto de ficar fora de controle?

Relaxar a tensão nunca é uma opção. O tamanho e a quantidade são sempre insuficientes. Salomão, o sábio, estava absoluta­mente correto: "Nós complicamos tudo."

E não somente adquirimos coisas... nós também as guardamos, as acumulamos. E, ainda, nós não estamos simplesmente competindo... nós somos levados a vencer, sempre a vencer qualquer compe­tição. E não apenas queremos mais, temos de despender mais tempo na manutenção de todas essas coisas. Manter-se à frente nessa corrida malu­ca nos faz ficar exaustos, ansiosos, sem fôlego.

Certamente Deus não é o responsável por essa confusão. Para reorganizar o nosso próprio mundo, a ne­cessidade de simplificar é imperativa. Caso contrário, nós não conseguiremos encontrar descanso dentro de nós, não conseguiremos entrar nos profundos e silenciosos recessos de nosso coração, lá onde as melhores mensagens de Deus nos são comunicadas. E se por muito tempo vivermos nessas condições, nosso coração ficará gelado em relação a Cristo, e acabaremos nos tornando alvos da sedução, num mundo perverso. Que perigos nos assediarão se chegarmos a esse estado!

“Aqueles que se dispõem a simplificar a sua vida, logo descobrem estar rigorosamente numa viagem solitária contra o vento.”

A inveja é ainda uma outra inimiga da simplifi­cação da vida. Talvez não haja uma outra força tão sutil atuando entre os cristãos como a inveja, muito embora ela só leve a becos sem saída. Fechada numa síndrome horizontal de julgamento, de com­parações e de lamentos (ou de sentimentos de orgu­lho), a nossa atenção desvia-se das coisas de Deus para firmar-se nos outros e em nós mesmos. Em vez de estarmos contentes (o que é um dos maravi­lhosos subprodutos da simplicidade), somos consu­midos pela inveja. O nosso padrão de satisfação é elevado a um nível tão alto que nunca estamos em condições de alcançá-lo.

Para reiterar o movimento inicial em direção a cultivar uma intimidade com o Todo-Poderoso, é essencial que reorganizemos a nossa vida particu­lar. E isso requer que abaixemos o nosso ritmo, e que acabemos com toda inveja, duas tarefas difíceis que ninguém mais pode fazer em nosso lugar.

Além disso, é tolice dizer-nos a nós mesmos que fi­quemos inertes, esperando que os ventos deste mundo mudem de direção e soprem sobre o barco na nossa vida para as margens da simplicidade. Isso não vai acontecer, meu amigo! Aqueles que se dis­põem a simplificar a sua vida, logo descobrem estar numa viagem solitária contra o vento.

Parafraseando um poeta:

Um barco vai para o leste e outro para o oeste
com exatamente os mesmos ventos soprando.
É a disposição das velas,
e não os fortes ventos,
que nos revelam
o caminho pela frente.

(Ella Wheeler Wilcox, "The Wind of Fate" (O Vento do Destino) em The Best Loved Poems of the American People (Os Melhores e Mais Amados Poemas do Povo Americano) - Comp. Hazel Felleman, Garden City, Nova York, Garden City Books; copyright 1936, por Doubleday & Company, Inc., 364.)

Para nos livrarmos da confusão, a simplicidade não é simplesmente alguma coisa boa — ela é essencial — para isso. Mas ela não é automática, ela vai exigir uma forte determinação de nossa parte.

“Conhecer a Deus de forma profunda e com intimidade requer esta disciplina: ‘Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus.’"

2. Aquietando-nos: A Disciplina do Silêncio

(...) não há outro meio pelo qual você e eu possamos nos mover em direção a um relacionamento mais profundo e ínti­mo com o nosso Deus, a não ser com prolongados momentos de quietude, o que inclui uma das mais raras experiências de nossa vida: ficarmos em silên­cio absoluto.

Ele [o salmista] escreveu essas palavras que nos são tão familiares, citadas por nós com frequência, mas que raramente obedecemos: "Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus" (Sl 46:10). Antes de nos apressarmos para além desse profundo manda­mento, vamos revê-lo em nossas mentes várias ve­zes.

Fiquem quietos! Saibam, de uma vez por todas, que Eu sou Deus! (BV)

Queiram estar, e estejam, quietos, e saibam - reco­nheçam e entendam - que eu sou Deus. (AMP)

"Desistam", ele grita, "admitam que eu sou Deus." (Moffat)

"Parem de lutar e fiquem sabendo que eu sou Deus."(TLB)

Impressionou-me muito a criativa paráfrase fei­ta por Eugene Peterson:

Caia fora da agitação! Contemple-me com amor, du­rante um longo tempo, a mim que sou o seu Deus das Alturas, acima da política, acima de qualquer coisa. (The Message)

A ordem que nos é dada é para que paremos (li­teralmente!)... para que descansemos, relaxemos, larguemos tudo, e tenhamos tempo para ele. É uma situação em que nós devemos estar parados, quie­tos, atentos a ele, à sua espera. Uma experiência es­tranha para nós, nestes tempos tão agitados! Não obstante, conhecer a Deus de forma profunda e com intimidade requer tal disciplina.

O silêncio afia os cantos vivos de nossa alma, sensibilizando-nos para sentirmos os leves toques de repreensão de nosso Pai celestial. O barulho, as palavras e os programas alucinantes, agitados, insensibilizam os nossos sentidos, fechando os nos­sos ouvidos à sua voz tranquila, suave, tornando-nos insensíveis ao seu toque.

“O silêncio é indispensável se quisermos alcançar profundidade em
nossa vida espiritual.”

“A terapia da quietude, o contemplar da natureza, nunca deixarão de conduzir os
nossos corações para mais perto de Deus.”

Você se acha na condição de uma vítima do mundo barulhento, agitado, entupido de gente, em que você tem que passar muitas horas da sua vida? Ele não o está tornando insensível espiritualmente, levando você a fazer tudo de maneira mecânica, indo como um robô à igreja ou às reuniões de estudo bíblico que você antes tanto apreciava?

E quanto à oração? O barulho e as multidões têm um modo de extrair a sua energia e de lhe distrair, fazendo com que a oração se torne uma tarefa difícil de cumprir, algo adicional a tantas outras, em lugar de ser um alívio confortador. Pode até acontecer de você sentir um leve grau de depressão, como conse­quência da ausência da quietude e do silêncio.

Sendo assim, é hora de falarmos francamente. Ninguém pode fazer nada para mudar esse dilema senão você! Deixar que as coisas continuem como estão vai fazê-lo gravitar em uma dentre duas dire­ções. Ou você vai correr em meio às suas ativida­des, cultivando uma espiritualidade hipócrita es­condida atrás da máscara de um falso entusiasmo, ou você simplesmente vai decair em seu envolvi­mento e vai distanciar-se de um relacionamento significativo com os outros crentes. Em ambos os casos, você estará criando as condições ideais para uma queda. Isso eu tenho visto acontecer com mui­to mais frequência do que posso me lembrar.

Se isso se parece com algum aspecto do estilo de vida que você está levando, agora a jogada é sua! Se o ritmo e a pressão, o barulho e as multidões o estão aprisio­nando, é hora de parar com essa loucura e achar um lugar de alívio para refrescar o seu espírito. Deliberadamente diga "não" com mais frequência. Isso vai levar você a diminuir o ritmo, ficar algum tempo sozinho, desabafar o seu coração tão sobre­carregado, e admitir a sua desesperada necessidade de um refrigério interior.

A boa nova é que Ele vai ouvir e vai ajudá-lo. A má notícia é esta: se você ficar à espera de que al­guém venha fazer com que haja uma mudança, tudo só vai deteriorar. O seu fervor espiritual vai diminuir e você ficará vulnerável a um ataque do adversário, o que certamente ocorrerá. Fortalecer-se perante o Senhor é a sua única esperança.

“Se o barulho e as multidões o estão aprisionando, é hora de parar e sair em busca de um lugar de alívio para serenizar o seu espírito.”

A intimidade com o Senhor exige atos de disci­plina que não são mais valorizados ou imitados pela maioria das pessoas hoje em dia. Para come­çar, tem que haver simplicidade, pois isto nos ajuda a reorganizar o nosso mundo particular. Depois, tem que haver silêncio, coisa rara em nossos tem­pos. O silêncio, como vimos nas Escrituras, traz sig­nificado aos nossos momentos de quietude.

Como todos nós podemos constatar, Deus não fala à mente apressada e preocupada. É necessário algum tempo a sós com ele e com a sua Palavra para que a nossa força espiritual se recupere. Esse pensamento, em si, nos leva a uma terceira prioridade se almejamos ter um relacionamento íntimo com o Todo-Poderoso.

3. Cultivando Serenidade: A Disciplina da Solitude

Henri Nouwen descreve a solitude com palavras de ordem prática e penetrantes:

Na solitude eu me liberto de toda a minha armação: nada de amigos com quem conversar, nenhum telefone­ma para dar, nenhuma reunião para ir, nenhuma mú­sica para ouvir, nenhum livro para me distrair, apenas eu — nu, vulnerável, fraco, com pecado, sem nada para fazer, quebrantado — com mais nada. E esse nada que eu tenho que me defrontar na minha solitude, um nada tão aterrorizante que todo o meu ser deseja correr para junto de meus amigos, para o meu trabalho, para tudo o que me distrai, para que assim eu venha a esquecer esse meu nada e passar a crer que eu tenho algum valor. Mas isso não é tudo. Assim que decido permanecer na minha solitude, ideias confusas, imagens perturbadoras, incontroláveis fantasias e misteriosas associações de pensamentos atacam a minha mente tal como macacos atacam uma bananeira. A raiva e a ava­reza começam a mostrar as suas caras feias...
A minha tarefa é então perseverar na minha solitude, ficando na minha célula até que todos os visi­tantes sedutores se cansem de bater em minha porta e deixem-me sozinho.

“Deus, que sonda os nossos pensamentos nos períodos de solitude, abre os nossos olhos para tudo o que necessita de atenção.”

O salmista percebeu a necessidade de um exame interior profundo. De fato, ele convidou a sonda de raios laser de Deus a descer até as câmaras mais profundas do seu coração e dos seus pensamentos:

Senhor, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me assento e quando me levanto; de longe penetras os meus pensamentos. Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar e conheces todos os meus caminhos. Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, Senhor, já a conheces toda. Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno. - Salmo 139:l-4;23-24

Uma inquietação em nosso interior cresce den­tro de nós quando nos recusamos a nos isolar para examinar-mos o nosso próprio coração e os nossos motivos. Corremos o risco de nos embaraçarmos sempre com nossas atividades e responsabilidade, e por isso temos que nos esforçar para prosseguir, para permanecermos ativos e ocupados na obra do Senhor. Se não nos empenharmos em retroceder, em ficar a sós para o árduo trabalho do auto-exame em momentos de solitude, a serenidade permane­cerá na condição de apenas um sonho distante.

“Quão ocupados nós podemos nos tornar... e, em consequência, quão vazios!”

É tempo do juízo começar na casa de Deus. Ad­mitamos isso, você e eu sabemos que os lugares mais propícios à interminável conversa mole são os círculos religiosos. Como é fácil sermos vítimas de uma conversa sem sentido, de respostas pré-fabricadas, e de atividades descuidadas! Não era para ser assim; mas, na maioria das vezes, é desse jeito que é. Para combatermos isso, a solitude é ne­cessária. O difícil trabalho de um auto-exame, feito repetidamente, é absolutamente essencial.

Voltaram os apóstolos à presença de Jesus e lhe relata­ram tudo quanto haviam feito e ensinado. E ele lhes disse: Vinde repousar um pouco, a parte, num lugar deserto; porque eles não tinham tempo nem para comer, visto serem numerosos os que iam e vinham. Então, foram sós no barco para um lugar solitário. - Marcos 6:30-32

O nosso Senhor, mesmo apreciando o árduo tra­balho e as obras de fé dos apóstolos, quando retor­naram das ministrações que tinham feito, viu a ne­cessidade que eles tinham de um descanso e refle­xão. Ele conhecia muito bem a influência exaustante das muitas pessoas "que iam e vinham" (parece até a cena após o término do culto de muitas igre­jas), e então os encorajou a deixarem tudo. Colo­cando-os num barco, navegou com eles até "um lugar solitário". Por quê?

Para que pudessem estar num "lugar solitário", isto é, sem mais ninguém. Claramente vemos que Jesus reconheceu o valor da solitude... a necessidade de escapar de toda ativida­de. Lá a serenidade poderia ser cultivada.
4. Confiando no Senhor Completamente: A Disci­plina da Renúncia

Provér­bios 3:5-6:
Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas.

Quem quer que esteja determinado a conhecer de forma mais profunda e íntima o Senhor, não pode reter os privilégios em sua própria posição ou lugar... ou com ansiedade preocupar-se com o su­cesso dos detalhes de sua própria vida. Tem que haver uma completa e não condicional confiança no Senhor vivo. Em outras palavras, a pessoa tem de desenvolver a disciplina da renúncia.

“A renúncia é a chave que abre os cofres de Deus que contêm os seus melhores e mais profundos tesouros.”

Nós temos criado uma geração de rapazes e moças que são obstinados, briguentos, indepen­dentes. Renúncia é uma palavra que não está no seu vocabulário. É pena, pois a renúncia é a chave que abre os cofres de Deus que contêm os seus me­lhores e mais profundos tesouros. Com paciência ele espera pela nossa rendição, espera que paremos de lutar contra ele, que permitamos que o seu plano tenha o seu curso normal, que nos voltemos para ele e alcancemos a nossa segurança e realização. Quando ele testemunha o nosso agir assim, passa a revelar-nos a si mesmo e também a sua vontade com uma profundidade muito maior.

“Sob o seu controle, nada ficará fora de controle, pois ele é totalmente fiel.”

Finalmente eu estou aprendendo que o seu plano soberano é o melhor plano; que seja o que for que eu confie a ele, ele tomará conta e fará melhor do que eu; que, sob o seu controle, nada ficará fora de controle; que tudo o que necessito é do seu co­nhecimento, em todos os detalhes; que ele tem o poder de suprir, de guiar, de começar, de terminar, de sustentar, de mudar e de corrigir minha vida a seu tempo e para os seus propósitos. Quando eu não interfiro e faço as coisas por conta própria, a sua vontade é realizada, o seu Nome é exaltado, e a sua glória é magnificada.

Finalmente estou aprendendo que ao render-me ao meu soberano Senhor, deixando os detalhes do meu futuro em suas mãos, estou praticando o ato de obediência mais responsável que eu poderia praticar. E enquanto eu não fizer isso, tornar-me uma pessoa não superficial continuará sendo nada mais do que um sonho distante e piedoso.

“Quando eu não interfiro e faço as coisas por conta própria, a sua vontade é realizada, o seu Nome é exaltado, e a sua glória é magnificada.”

Esta foi uma jornada de desafios e descobertas. Como mencionei no início, coisas profundas são desafiadoras e desvendadoras. (...) Gastei apenas algumas páginas apresentando os traços gerais de quatro decisões, acompanhadas de quatro disciplinas, que nos podem levar para um relacionamento mais profundo, mais íntimo com o Todo-Poderoso. Se elas forem levadas a sério e praticadas com persistência, estou convencido de que propiciarão uma profunda diferença em nossa vida espiritual. Sem elas, entretanto, a superficialidade continuará a ser a característica da nossa vida.

Em resumo, estas são as decisões e as disciplinas que temos considerado:
1. Para reorganizar o nosso mundo particular, te­mos de aprender a exercitar a disciplina da simplicidade.
2. Para nos aquietarmos, a disciplina do silêncio tem que ser apreciada.
3. Para cultivarmos a serenidade, é imperativo que observemos a disciplina da solitude.
4. Para confiarmos em Deus completamente, isso requer a disciplina da renúncia.

(...) Alguns dentre os que lerem despertarão para o fato de que é tem­po de pôr os pés nos freios e mandar embora a de­sordem... é hora de parar e observar, de se aquietar e aprender, de ficar a sós e identificar o que está es­condendo o perfeito caminho do Pai.

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